terça-feira, 25 de janeiro de 2011

TAPANDO O SOL COM A PENEIRA

"O Ministério Público Federal (MPF) em Goiás move ação civil pública com pedido de liminar contra a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) nacional e a Fundação Getúlio Vargas (FGV) pedindo a suspensão do resultado final do Exame de Ordem 2010/2. De acordo com o procurador regional dos direitos do cidadão, Ailton Benedito de Souza, "o processo está sendo alvo de notícias de irregularidades em blogs, sítios de internet, enfim, todos os meios de comunicação que os candidatos dispõem para expressar a sua indignação". Em Goiás, entre outras, apuraram-se ilicitudes nos critérios de correção das provas."




"O Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ophir Cavalcante, em entrevista à Agência Brasil, disse que considera "tática de guerrilha" as diversas ações que estão sendo ajuizadas pelo MPF em vários estados para suspender o resultado final do segundo Exame de Ordem. "Essa tática de guerrilha, de fazer pipocar ações no Brasil inteiro, só contribui para criar insegurança jurídica", disse Cavalcante."






É clássica a anedota do corno manso, que chegava em casa, todos os dias, e encontrava a sua mulher deitada no sofá da sala com outro cara. O corno foi ficando cansado com aquela cena, e, revoltado, tomou uma decisão drástica: tirou o sofá da sala!


Essa história me vem à lembrança quando vejo a OAB lutando, com unhas e dentes, na defesa intransigente do Exame de Ordem. Está como o corno manso que tirou o sofá da sala pra não ver mais nada. Tapa o sol com a peneira. Não ataca o âmago da questão. Qual é o cerne do problema? Todo mundo sabe, todo mundo vê; só a OAB e as autoridades educacionais do Brasil fazem de conta que não enxergam. A origem disso tudo está na inescrupulosa multiplicação dos cursos de direito por esse país a fora; ineficientes e sem a mínima fiscalização dos responsáveis pelo ensino público. Cursos que são verdadeiras arapucas. Nessas armadilhas caem milhares de incautos, cujas famílias se sacrificam pagando pesadas mensalidades, e depois de alguns anos, passadas as festas de formatura, enfrentam a via crucis do chamado Exame de Ordem, a fim de que possam exercer a profissão para a qual foram formados. Tal exame é o reconhecimento público de que os cursos de direito, ministrados no país, são uma verdadeira farsa, com raríssimas exceções. A culpa não é do estudante. A OAB deveria unir forças para modificar essa estrutura arcaica. No entanto, o que se vê (ninguém sabe o por quê) é a Ordem defender o Exame como se fosse a salvação da lavoura. Aliás, é bem mais fácil vender o sofá que enfrentar a máfia dos pseudos cursos universitários...

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