É muito estranho o que ocorreu ontem na Câmara Federal, em Brasília.
No mesmo dia em que o Senado cassava Demóstenes Torres, a Câmara mandava arquivar processos contra dois deputados federais goianos (Rubens Otoni - PT e Sandes Júnior - PP ), ambos envolvidos com o esquema Cachoeira, na Operação Monte Carlo, e, em vídeos divulgados amplamente pela imprensa e pela internet. Para maior estranheza, os ilustres parlamentares, que formam a comissão de sindicância da nossa Câmara, votaram pelo prosseguimento do processo contra um outro parlamentar (Carlos Alberto Leréia - PSDB) com igual ou menor envolvimento no esquema Cachoeira que os dois que foram inocentados.
O deputado Carlos Leréia é acusado de ser amigo pessoal de Cachoeira e sócio de um irmão dele em um avião. Nas gravações divulgadas, realmente existe o envolvimento de Leréia em negócios do esquema, e não poderia ficar de fora.
Mas, também existem gravações comprometedoras da Operação Monte Carlo, que envolvem o deputado Sandes Júnior.
Do mesmo modo, há gravações que circulam pela internet, amplamente divulgadas pelos grandes jornais e pelas redes de televisão do Brasil, nas quais o deputado Rubens Otoni é flagrado recebendo dinheiro das mãos de Cachoeira, caixa dois, supostamente para campanha eleitoral. E, o mais grave de tudo isso: o deputado goiano do PT concorda com o contraventor, quando Carlos Cachoeira pede a ele para não declarar nada sobre o dinheiro recebido, Otoni afirma : "Claro, claro...eu sei como é que é isso!"
Existe maior quebra de decoro parlamentar que um deputado federal, que prestou juramento, ao assumir o seu mandato, de que respeitaria a Constituição Brasileira, ser flagrado recebendo dinheiro oriundo de contravenções , concordando em não declará-lo à Justiça Eleitoral?
Desse episódio a gente deduz que a "panelinha" da corrupção, em nome da governabilidade, continua dando as cartas no Congresso Nacional.
Isentaram dois corruptos porque são eles integrantes da bancada do governo.
Deixaram apenas um, da oposição.
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