quinta-feira, 7 de julho de 2011

ALGUNS POEMAS

O poeta paraibano, radicado em Anápolis há várias décadas, Paulo Nunes Batista, publicou um livro de poemas com o título acima. Em 04 de julho de 2006, há cinco anos, tive o prazer e a honra de receber um exemplar dessa obra poética-maior da literatura goiana, com dedicatória do poeta.
Há muitos anos, Paulo Nunes é meu amigo. Não me canso de admirá-lo, por sua coragem e sua coerência ideológica. Sempre foi uma voz em defesa dos injustiçados. Uma voz consciente, que sabe que a raiz da miséria no Brasil não se arranca somente com a distribuição de cestas básicas. É bem mais profunda!
Paulo Nunes Batista é o poeta dos humildes.
Neste livro, por exemplo, dentre outras pérolas de poemas, o autor não se esquece de uma figura simpática, que muito enriqueceu a luta pela liberdade, pela justiça, pelo amor ao próximo. Falo de Asor Teles, que o poeta o chama de "defensor dos injustiçados". Asor foi meu amigo, convivemos os mesmos ideais e os mesmos sonhos, nos anos difíceis da Ditadura de 64. Ele morava, na época, ali na Vila Santa Maria de Nazaré, perto da Praça dos Trabalhadores, num casebre, sem conforto algum, nas proximidades do riacho que nasce no Ipiranga e deságua no Córrego das Antas, imediações do Terminal Rodoviário. Morreu muito cedo, sem realizar os seus sonhos de justiça social. Mas deixou suas lembranças gravadas nos corações de algumas centenas de outros idealistas, que o conheceram e conviveram com ele.
À memória de Asor Teles, o poeta dedica

O MORTINHO DE FOME


Eu sou uma criança morta de FOME
e bato
com o silêncio de meus dentes podres
com a luz de de meus olhos cegos
com os punhos de minhas mãos sem pão
nos corações de pedra
nos corações gelados
nos corações cerrados
pela INDIFERENÇA
de todos os EGOISTAS do mundo...

Eu sou uma criança estrangulada pela FOME
e canto
com as trevas de minha vida irrealizada
com minha lingua seca de leite
e de palavras
com minha cabeça fraca e meu
esqueleto pobre
esta canção
que bate
no gelo podre dos que bebem uísque
no peito podre dos que
nadam em luxo
nas portas podres dos templos
SUNTUOSOS SEPULCROS CAIADOS
onde Deus morreu
quando os EGOISTAS me
mataram de FOME...

Eu sou um anjinho que a FOME
transformou em demônio
para atentar - noite e dia -
os EGOISTAS que deixam crianças
morrerem de FOME!

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