terça-feira, 10 de julho de 2012

O Saco de Dinheiro

A noite passada sonhei que estava em Brasília, mais precisamente na Praça dos Três Poderes,  Senado Federal. Um realismo mágico! Todos os 81 senadores eram "moradores de rua". Quando entrei, um senador ocupava a tribuna, e, indignado, fazia críticas à Presidente Dilma e à Ministra Ideli, que ousaram liberar, em um só dia, dia 06 de junho (o último permitido por lei para a liberação de verbas às prefeituras em 2012) R$ 402 milhões de emendas de deputados e senadores ! 
- Isso é um absurdo, sr. Presidente! - dizia ele, um baixinho, de óculos de tartaruga na cara - Nós não podemos aceitar isso...é um desrespeito à  lisura nas eleições municipais...é querer influenciar o resultado das urnas...vamos devolver esse dinheiro para a Saúde Pública, que será melhor aproveitado pelo povo!

- Apoiado!!! - Num grito uníssono, inclusive o Presidente, todos aprovaram a ideia de devolução do dinheiro das emendas, para que os recursos fossem revertidos em benefício da saúde pública.

O Presidente do Senado era maranhense, tinha uma cara de Sarney, mas não era ele não. Era o Rejaniel, aquele morador de rua, catador de papel, que ocupa as manchetes nos jornais e nas televisões, nas últimas 48 horas. Tão entusiasmado estava que nem pôs em votação a proposta do colega orador; declarou-a aprovada por unanimidade, e, sob aplausos dos outros 80 parlamentares, imediatamente mandou aplicar os 402 milhões na área da saúde...
Nem os empreiteiros reclamaram da decisão ! Inclusive, o representante  da DELTA, presente à sessão, que fez questão de afirmar, em alto e bom som, para que todos o ouvissem no plenário e nas galerias: 
- Já vai longe o tempo da corrupção neste País !

Nisso, um senador careca, que durante muito tempo fora procurador de latinhas e de papel nas ruas, avenidas e praças de Goiânia, pediu a palavra, alegando que tinha de fazer um comunicado importante à Casa. Foi-lhe dada a oportunidade:

- Senhor Presidente, nobres colegas ! Quem mente, não é perdoado!

Silêncio absoluto no plenário. Frase de efeito, sem muito efeito para a ocasião, uma vez que todos sabiam disso, que a mentira era imperdoável no Senado. 
E continuou :
- Eu menti .
Um "ohhhhh" de espanto e surpresa ecoou no recinto.

- Isso mesmo! Menti, quando disse que não tinha achado o saco de dinheiro, embaixo da cachoeira ! Aqui está o saco, com todo o dinheiro! Quero devolvê-lo, para que minha mãe saiba que tem um filho honesto, que não rouba e nem deixa roubar!

Devolveu o saco, pediu desculpas, renunciou ao seu mandato e saiu, suando às bicas, envergonhado...

Foi quando eu acordei...
  


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